quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A beleza Estética e a Beleza Involuntária

Me incomoda a beleza estética. Ela é sempre premeditada, projetada, estudada, intencional. Garotas que parecem bonecas, com seus esmaltes, maquiagens e batons. Com suas barriguinhas desenhadas em horas perdidas na academia. Razas, como poças d'aguas que apenas nos incomodam quando pisamos nas mesmas. Construções e suas simetrias categorizadas e classificadas como góticas, renascentistas, barrocas ou modernas. Saber que se for àquela boate, todos terão o mesmo perfume e a mesma aparencia. Os mesmo gostos e os mesmo sorrizos. Então evito. Saber que se que se for àquela cidade, será tudo barroco. Mais uma vez, evito. Sei que não vou gostar.

Me atrai a beleza involuntária. Sair pela cidade e encontrar aquela garota comum, mas que se revela incrivelmente bela em um gesto, em um instante. No jeito de andar, de olhar, de se posicionar quando está parada. Naquele detalhe que olhamos e percebemos que há algo de diferente. Essa beleza nasce na hora, nasce ao acaso e desejo tanto eternizar. É essa beleza que nunca morre. Se torna como uma foto ou uma cena na memória. A moda vai mudar, as maquiagens vão mudar, mas daqui a 30 anos vou lembrar daquela garota sem nome, que cruzou por mim pela cidade. Por mais romântico que isso possa parecer, não é. Basta reparar... olhar com a sede de querer algo novo e diferente.

Gosto da beleza caótica. Do casebre que, ao lado, tem como companhia um prédio espelhado com portas automáticas. Da igreja neo-gótica que está seguida de um boteco sujo com cerveja barata. E da incrivel harmonia que só as nuances das diferenças podem proporcionar. O caos.

A garota simples que anda pela rua de cabeça baixa, sem querer ser notada, mas em um momento passa os dedos sobre a franja, ergue os olhos e revela uma expressão magnífica, sem saber. Aquela portinha simples, ao lado do shopping, sempre com uma luz acesa, que me faz desejar saber o que tem dentro. O que elas escondem. Por que escondem?

A beleza estética está para beleza involuntária, assim como a rotina está para o acaso. A beleza involuntária é o último estágio da história da beleza.

2 comentários:

Raquel disse...

uau!
acho que tem alguem no curso de graduação errado! rs

beleza estética padronizada é tosca, é pré-fabricada pela mídia.
a beleza que realmente encanta, que traz líbido é aquela natural mesmo, construída no momento, tá certíssimo. Beleza é química, é momento, é feeling!
bjo, amigo!

The Forsaken One disse...

Compartilhamos do mesmo pensamento, mocinho!

;*****