terça-feira, 16 de outubro de 2007

Identidade (ou vida líquida)

Reparo nessas pessoas que ouvem uma música e se identificam 100% com elas. Conseguem se resumir em um personagem de filme, uma cena , um clipe, uma letra de música ou uma poesia. Alguns mais generalistas: com um autor(a), um cantor(a) ou uma banda inteira.

Sinto inveja! Como se se conhecem tão bem? Conseguem se identificar. Significa que têm um identidade. Não consigo. Não tenho uma música preferida. Nem uma banda, nem um clipe. Muito menos uma cena. Tenho, sim, uma lista gigante de coisa que eu gosto e que, juntando minúsculos fragmentos de coisas dessa lista, posso até conseguir montar um pouquinho daquilo que sou. Mas tão pouco.

Faço publicidade. As vezes me perguntam: o que você quer ser? Que área quer trabalhar? Quando quer casar? Quer ter filhos? NÃO SEI! Não sei nem se quero publicidade! As coisas meio que fluem como líquido na minha vida. Cheguei até aqui, mais por fluxo que por decisões. Mas sempre me preparo para que lado esse fluxo pode correr. Pelo menos para os lado que consigo enxergar. Planejo menos, analiso mais. E me preparo para aquilo que posso me preparar.

Me conforta a teoria dos monges. Aquela que diz que existe apenas uma “impressão” de um único eu. Somos uma multiplicidade de “eus” brigando dentro de nosso cérebro, cada um prevalescendo em algum momento. E o cérebro, por uma simples questão de sanidade, unindo todos e nos deixando a impressão de unidade. A física quântica vai até além. Mas não vem ao caso.

O que me consola é acreditar que essa “aparencia” de unidade, em mim, esteja um pouco diluída. Ou simplesmente poderia acreditar no fato que eu realmente não me conheço. Mas isso, pode se torna um pouco assustador. :P

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